A primeira semana do mês de Dezembro de 2014, a semana 49 será certamente recordada como uma semana repleta de momentos históricos e de viragem para a exploração espacial.
Dia 3 de Dezembro – Hayabusa 2 (JAXA – Japão)
É lançada a Hayabusa 2, espera-se que chegue ao seu destino em Julho de 2018 e que regresse à Terra em Dezembro de 2019 com amostras do asteróide em que irá pousar e recolher amostras pelo menos em três ocasiões distintas, terá também um pequeno “lander” que irá recolher informações durante toda a missão.
O asteróide-alvo desta missão ainda não tem nome atribuído, tendo para já a designação temporária de 1999 JU3, segundo o espectro da luz solar reflectida por este asteróide prevê-se que a sua composição o coloque entre os condritos carbonáceos (da mesma família que o cometa da Rosetta). A órbita deste asteróide é bastante semelhante à órbida do asteróide Itokawa, visitado pela primeira missão Hayabusa. O 1999 JU3 tem aproximadamente 920m de diâmetro e a sua forma é aproximadamente esférica.
A Hayabusa 2, sucessora da missão Hayabusa que regressou à Terra a 10 de Junho de 2010, trazendo consigo amostras do asteróide Itokawa (um asteróide rochoso). Esta missão, é um upgrade da missão anterior, tentando assim colmatar alguns dos pontos menos positivos.
A Hayabusa 2, irá visitar desta vez um asteróide do mesmo tipo que o asteróide visitado pela Rosetta, um asteróide carbonáceo, que encerra em si preservadas as condições primordiais que os cientistas acreditam ser as que originaram o nosso Sistema Solar e as precursoras do material orgânico (daí a denominação carbonáceo, por conter carbono na sua constituição) que ajudou à origem da vida na Terra.
Mais informação:
Pequeno vídeo explicativo da missão da Hayabusa 2 (em Inglês) –> http://www.space.com/27888-ambitious-hayabusa-2-mission-aims-for-asteroid-sample-return-video.html
Hayabusa na JAXA (em inglês) –> http://www.jspec.jaxa.jp/e/activity/hayabusa2.html
Dia 4 e 5 de Dezembro – Orion (NASA – USA)
Depois de várias tentativas e de vários quase lançamentos no dia 4 de Dezembro, esgotou-se a janela de lançamento da Orion e o teste histórico ficou adiado por 24 horas devido a um problema nas válvulas de combustível do Delta IV (um problema recorrente devido ao frio).
No dia seguinte o tempo instável ameaçava provocar novo adiamento mas à medida que a hora de abertura da janela de lançamento se aproximava as condições meteorológicas foram estabilizando: pouco depois das 7AM EST do dia 5 de Dezembro de 2014 a Orion foi lançada do Cabo Canaveral, no topo de um foguetão Delta IV para um voo experimental histórico.
Porquê voo histórico?
Porque a cápsula espacial Orion foi construída para levar a espécie humana mais longe do que alguma vez foi tentado, substituindo assim as cápsulas usadas durante as missões Apollo. Esta nova geração de cápsulas espaciais para missões tripuladas terá capacidade para: transporte de tripulações para o espaço, LAS (Launch Abort System) sistema de emergência que permite a fuga da tripulação no evento de algo correr mal com o foguetão, meio de transporte de reentrada atmosférica e regresso à Terra.
O voo experimental da passada Sexta-Feira, que durou cerca de quatro horas e meia e efectuou duas órbitas elípticas em volta da Terra serviu para testar sistemas críticos como escudo de calor (para a reentrada na atmosfera terrestre, e que era um dos sistemas a ser testado mais crítico), o complexo sistema de para-quedas, escudos de radiação (neste teste a Orion passou duas vezes pela chamada faixa de radiação de Van Allen – local do campo magnético terrestre em que se concentram partículas altamente energéticas originárias do vento solar – sendo por isso essencial um escudo de radiação eficiente para proteger a tecnologia a bordo da cápsula e mais importante ainda, a protecção das vidas dos seus tripulantes).
Começou assim o caminho da Humanidade para Marte.
Mais informação:
Wikipédia (em inglês) –> http://en.wikipedia.org/wiki/Orion_(spacecraft)
Orion na NASA (em inglês) –> http://www.nasa.gov/orion/
Dia 6 de Dezembro – New Horizons acorda “à porta” de Plutão
Na madrugada do passado Domingo (eram 21.30h na costa este nos USA, por isso considerar neste post o dia 6 (Sábado) como o dia do despertar da sonda), chegam as primeiras comunicações da sonda New Horizons à Deep Space Network (DSN – Rede de Espaço Profundo da NASA, rede de antenas internacionais de comunicação e acompanhamento das missões espaciais).
Depois de cerca de nove anos de viagem (maior parte deles passados em hibernação, para evitar o natural desgaste dos sistemas menos essenciais a esta prolongada fase da missão) e cerca de 4.6 mil milhões de quilómetros percorridos, a sonda New Horizons acordou. Tem ainda 261 milhões de quilómetros a percorrer até ao seu objectivo principal, mas a partir de agora pode preparar-se para iniciar as operações científicas de aproximação a Plutão (esta fase terá início em Janeiro de 2015, culminando em Julho, altura em que a New Horizons atinge o ponto da sua trajectória mais próximo do sistema de Plutão).
A passagem por Plutão será efectuada sem desacelerar a sonda, seguindo para a Kuiper Belt (anel de detritos, p.e. asteróides considerado como a “fronteira” do nosso Sistema Solar).
New Horizons no site Space.com (em inglês) –> http://www.space.com/27946-pluto-spacecraft-new-horizons-wakeup.html
New Horizons na NASA (em inglês) –> http://www.nasa.gov/mission_pages/newhorizons/main/#.VIl9h9LF-ek
Deep Space Network (Live) –> http://eyes.nasa.gov/dsn/dsn.html