Exploração de Plutão

No Verão de 2015, a missão New Horizons da NASA, chegou ao sistema de Plutão e em poucos minutos revolucionou a forma como até a esse momento se “imaginava” o nosso Sistema Solar para lá de Neptuno.

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A evolução de Plutão através das diferentes missões espaciais, e a “revolução” que foi a chegada da New Horizons ao sistema de Plutão (Crédito da Imagem: NASA)

No passado dia 22 de Março, na 47th Lunar and Planetary Science Conference, o investigador principal da Missão New Horizons, Alan Stern falou da exploração do sistema de Plutão e do impacto social e científico desta missão interplanetária.

A conferência entitulada “The Exploration of the Pluto System and the Kuiper Belt Beyond” [Abstract #1317] (A Exploração do Sistema de Plutão e a Cintura de Kuiper), foi dada por Alan Stern, dando o mote para toda uma sessão dedicada às descobertas feitas aquando da passagem da New Horizons pelo seu alvo principal, em Julho de 2015.

De forma informal, Alan Stern emocionou todos quantos se reuniram no auditório, entre as centenas de pessoas ali reunidas estavam desde cientistas seniores a estudantes e investigadores em início de carreira e com a ovação de pé que marcou o fim da intervenção de Stern, certamente poucos foram os que ficaram indiferentes às palavras de encorajamento e inspiração proferidas pelo cientista que esteve no leme da mediática missão a Plutão.

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Alan Stern no Marriot Waterway – Houston, TX (Crédito da Imagem: Joana Neto-Lima)

Na palestra (que está integralmente disponível online), Stern leva-nos numa viagem desde o planeamento (em tempo recorde) da missão, aos compromissos que por vezes um cientista tem de fazer para conseguir que a sua missão seja escolhida (dinheiro vs ciencia, por vezes é um equilibrio delicado, principalmente quando muitas das decisões importantes estão nas mãos de políticos ou cargos politizados), passando pela aprovação da missão New Horizons, ao lançamento e à passagem da nave pelo sistema de Plutão. No final deu-nos um pequeno vislumbre das maravilhas que se puderam ver, medir e descobrir no pequeno planeta (que o deixou de ser enquanto a nave New Horizons voava ao seu encontro) e os próximos alvos na Cintura de Kuiper.

 

Link para a página oficial da missão (Inglês) –> Link
Link para a notícia “Viagem a Plutão” –> Link
Link para o vídeo (Inglês) –> Link
Link para a apresentação powerpoint (Inglês) –> Link

 

A Ciência por quem a faz e por quem a ensina [2015]

No passado dia 7 de Setembro realizou-se o encontro anual de professores de ciências e matemáticas, organizado pelo Centro de Formação MaiaTrofa intitulado “A Ciência por quem a faz e por quem a ensina”.

headerO período da manhã foi ocupado por palestras de cientistas de diversas áreas de investigação: João Relvas (IBMC), Paulo Araújo Sá (FEUP), António Machiavelo (FCUP) e Víctor Freitas (FCUP).

Da parte de tarde vários workshops devotados ao tema “Ensinar com o “Espaço” ocuparam o tempo dos participantes: Joana Neto Lima (Astrobiologia), Rosa Soares (Astrogeologia), José Gonçalves e Paulo Sanches (Astrofísica), João Fernandes (Os Astros e a Matemática) e Rosa Duran (Cosmic Light EDU).

O Workshop de Astrobiologia e Astrogeologia foram campeões de assistência e foram necessárias 3 sessões para todos os inscritos poderem assistir.

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Workshop de Astrobiologia Crédito da Imagem: CFMaia Trofa

No Workshop, além de explicar o que é a Astrobiologia e como se procura vida no Universo, falei no meu caso concreto e na investigação que desenvolvo no Centro de Astrobiologia, aproveitei a ocasião e apresentei oficialmente o programa Meteomarte – Marte nas Escolas, cuja escola-piloto será a sede do Agrupamento de Escolas de Águas Santas, na Cidade da Maia, deixando o desafio para mais escolas se juntarem ao projecto.

Para quem não teve a oportunidade de estar presente, disponibilizo aqui o pdf da apresentação que dinamizei.

PDF –> Workshop Ciencia Professores

Link –> CFMT A Ciência 2015

Participação no Só Ler Não Basta

No passado dia 4 de Julho fui convidada a participar na webseries “Só Ler Não Basta” num episódio dedicado ao livro de Andy Weir, The Martian.

Para quem ainda não teve a oportunidade de ler este livro, fica desde já a recomendação, principalmente para quem gosta de ciência e exploração espacial.

Em The Martian (O Marciano em português), Mark Watney é um astronauta preso em Marte depois de uma tempestade que obriga a restante equipa a abandonar prematuramente a missão ARES. Na evacuação, Mark é atingido por destroços do habitat e é deixado para trás, presumivelmente morto. Durante o desenvolver da história acompanhamos os desafios de Mark e a forma como este consegue sobreviver contra todas as expectativas, apenas com um punhado de batatas e equipamento deixado para trás no planeta vermelho.

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Depois de muitas peripécias com o Google Hangouts (que já tem comigo um longo historial de sabotagem), foi necessário mudar o formato e usar o Skype.

Aqui fica a minha participação nesta Webseries que recomendo para todos quantos gostam de livros, numa abrasadora noite de Verão madrileno pouco depois da minha chegada da Escola Internacional de Astrobiologia, em Santander.

Que tempo faz em Marte?

Para aqueles que quando acordam pensam: qual será o tempo em Marte? Ou então para quem quando olha o pontinho vermelho no céu que é Marte, pensam como seria pisar o solo do nosso vizinho planetário existe uma aplicação do Centro de Astrobiología em Madrid para ajudar a tornar esse exerccício de imaginação em realidade: REMS Mars Weather.

O que é o REMS?

O REMS (Rover Environmental Monitoring System) é uma estação meteorológica construída pelo Centro de Astrobiología INTA-CSIC/NASA, financiada pelo governo Espanhol e que seguiu com o rover Curiosity ou MSL (Mars Science Laboratory) para Marte.

O REMS mede e fornece leituras diárias e relatórios sazonais da pressão atmosférica, humidade, radiação ultravioleta da superfície de Marte, direcção e intensidade do vento, temperatura relativa do ar e temperatura relativa do solo perto do rover Curiosity.

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Mais info: NASA REMS

A aplicação é completamente gratuita e está disponível para descarga, tanto no Google Play como na App store.

Screencap da app REMSREMS MARS Data app

Descrição da aplicação:

A aplicação REMS Mars Weather dá acesso, praticamente em tempo real, aos dados recolhidos pelo projecto REMS/MSL (Rover Environmental Monitoring System / Mars Science Laboratory, mais conhecido por Curiosity).

Esta app foi desenvolvida pela equipa REMS do Centro de Astrobiología em conjunto com o Strings Software Studio e os dados são os dados efectivamente recolhidos pela NASA para serem posteriormente utilizados nos trabalhos das diversas equipas científicas espalhadas pelo Mundo.

Com esta aplicação podemos acompanhar várias variáveis climatéricas do nosso planeta vizinho e comparar as varições ao longo dos sols (sol é o nome de um dia marciano, que é ligeiramente maior que um dia terrestre), com uma pequena explicação a acompanhar.

Dados a que se pode aceder através desta aplicação:
– Temperatura do ar (ºC, ºF, K)
– Temperatura do solo (ºC, ºF, K)
– Direcção e velocidade do vento (mph, m/s, Km/h)
– Pressão atmosférica (atm, mbar, Pa)
– Humidade Relativa
– Nascer e pôr-do-sol em Marte
– etc.

Entrevista Joana Neto Lima – uma portuguesa que procura sinais de vida noutros planetas

No dia 21 de Março foi publicada no site Aberto até de Madrugada uma entrevista sobre o trabalho que estou a desenvolver no Centro de Astrobiología em Madrid.

Centro de AstrobiologíaLink para a Entrevista

O único conselho para todos os que desejam perseguir uma carreira nesta área é: Nunca deixem de sonhar.

Este vídeo entitulado “We stopped dreaming” com um discurso do famoso astrofísico Neil deGrasse Tyson resume a importância da corrida espacial e das consequências de hoje em dia já não sonharmos com o futuro:

Tripla conjunção em Júpiter

Tripla conjunção Júpiter - Hubble

Três luas e as suas sombras desfilam em frente de Júpiter, nos momentos finais desta conjugação, no dia 24 de Janeiro de 2015. Europa acaba de entrar no enquadramento da foto na parte inferior esquerda, Callisto está acima e à direita de Europa , enquanto Io está quase a sair do enquadramento no canto superior direito.

No passado dia 24 de Janeiro, o telescópio espacial Hubble captou esta série de fotografias, que mostram uma rara conjução de três das luas Galileanas a passar em frente do grande planeta: Europa, Callisto e Io.

As Luas Galileanas, foram assim chamadas porque foram descobertas por Galileu Galilei (Simon Marius também as observou na mesma altura, os nomes que ele escolheu para cada uma das luas acabaram por ser os que ficaram para a história). É bastante comum observar os seus trânsitos na face de Júpiter ou as suas sombras projectadas nas nuvens que cobrem o planeta gigante, contudo observar três luas a transitar na face de Júpiter ao mesmo tempo é um evento muito mais raro, ocurrendo uma ou duas vezes numa década.

Luas Galileanas

Luas Galileanas – Io, Europa, Ganimedes e Calisto

Das luas galileanas só Ganimedes, a maior das quatro, não aparece nesta conjugação.

Nota: Estas imagens foram captadas no espectro de luz visível, ou seja, não foram sujeitas a tratamento posterior para revelar estas cores.

Em Abril celebram-se 25 anos desde que o telecópio espacial Hubble entrou em funcionamento, a NASA e a ESA estão a preparar uma série de actividades que posteriormente divulgaremos aqui.

Mais informação: NASA

Parabéns a Clyde Tombaugh, o astrónomo que descobriu Plutão

Hoje assinalamos o 109 aniversário do nascimento de Clyde William Tombaugh.

Clyde Tombaugh

Clyde Tombaugh com um telescópio improvisado na quinta da sua família no Kansas, USA

Clyde Tombaugh foi o astrónomo americano que descobriu o objecto trans-neptuniano Plutão [nota: ainda não perdoamos ao Neil deGrasse Tyson a promoção da desclassificação de Plutão como planeta], em 18 de Fevereiro de 1930, enquanto trabalhava no Observatório Lowell, no Arizona, USA.

Quando em Agosto de 1992, um dos cientistas do Jet Propulsion Laboratory da NASA, Robert Steele ligou a Tombaugh, pedindo permissão para visitar o “seu planeta”, o cientista já com 82 anos respondeu-lhe que era bem-vindo e que lembrou: “É bem-vindo, se bem que tem pela frente uma viagem longa e fria.”. Esta chamada levou ao lançamento da missão New Horizons em 2006.

Quando Tombaugh faleceu, cinco anos depois aos 90 anos, uma pequena porção das suas cinzas foram recolhidas e colocadas num pequeno contentor a bordo da sonda New Horizons, nele encontra-se a inscrição: “Interned herein are remains of American Clyde W. Tombaugh, discoverer of Pluto and the solar system’s ‘third zone’. Adelle and Muron’s boy, Patricia’s husband, Anette and Alden’s father, astronomer, teacher, punster, and friend: Clyde W. tombaugh (1906-1997)”

Hoje a equipa da New Horizons divulgou um par de imagens de Caronte e Plutão, tiradas a 25 e a 27 de Janeiro deste ano, com a seguinte mensagem:

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“Este é o nosso tributo de aniversário ao Professor Tombaugh e à sua família, honrando a sua descoberta e a sua vida – o seu trabalho foi o catalizador da astronomia planetária do século XXI. Estas imagens de Plutão, claramente mais brilhante e mais próximo do que as que a New Horizons captou em Julho do ano passado quando se encontrava ao dobro da distância, representam os primeiros passos de uma missão que irá transformar o pequeno ponto de luz que Clyde observou no Observatório Lowell há 85 anos, num planeta aos olhos do mundo neste Verão.” disse Alan Stern, do Southern Research Institute em Boulder, Colorado, o Investigador Principal da missão New Horizons.

Mais informações: NASA

Há 10 anos “aterrávamos” em Titã

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Há dez anos, neste mesmo dia a sonda da Agência Espacial Europeia (ESA) entrou para a história ao aterrar na superfície da maior lua de Saturno, Titã. Foi assim que a Humanidade levou a cabo a primeira missão de aterragem num corpo celeste no Sistema Solar exterior, às 12:34 GMT do dia 14 de Janeiro de 2005.

Durante sete anos a sonda Huygens voou com o orbitador Cassini da NASA (um pouco como aconteceu na missão Rosetta com a sonda Philae em 2014), a última etapa desta viagem interplanetária foi composta de 21 dias de solitude para a Huygens em direcção à nublada lua Titã, terminando com um mergulho de 2h e 27minutos através da atmosfera da lua.

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Primeira imagem captada pela Huygens quando aterrou em Titã a 14 de Janeiro de 2005

Durante 72 minutos a Huygens continuou a transmitir informação até as suas baterias ficarem sem carga. Informação essa que ainda hoje, dez anos volvidos continua a ser estudada e analisada por cientistas planetários e astrobiólogos de todo o mundo.

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Este gráfico mostra de forma muito simples toda a ciência que foi feita a partir de apenas uma missão que durou pouco mais de 3 horas (na superfície de Titã). A partir do que se aprendeu tão longe de “casa” muito se pode agora fazer por ela, através das informações de uma pequena sonda.

O pequeno vídeo que podem ver no final desta publicação foi feito para representar da forma mais correcta a aterragem da Huygens em Titã, foi divulgado quando se assinalou o 8º aniversário da cehgada à lua de Saturno (de notar que que até a posição e forma das rochas foram modeladas pelas fotos e informação recebida)

Mais informação:

Cassini-Huygens na ESA

Parabéns Europa

galileo_manuscriptHá precisamente 405 anos, Galileo observava 4 pontos de luz perto de Júpiter (no dia anterior apenas havia observado três e para conseguir confirmar a natureza desses novos objectos celestes, preparou nova observaçao para a noite seguinte descobrindo que um dos pontinhos se havia desdobrado em dois, confirmando assim que eram objectos celestes que orbitavam em torno de Júpiter).

Na noite de dia 8 de Janeiro de 1610, depois de fazer alteraçoes ao seu telescópio, dotando-o de uma maior capacidade de magnificaçao, Galileo conseguia agora ver nitidamente corpos celestes que até aí estavam fora do seu alcance, e assim “descobriu” Europa (descobriu as chamadas Luas Galileanas, Io, Europa (na observaçao de 7 de Janeiro Io e Europa estavam demasiado perto para que Galileo as visse como objectos separados), Ganimedes e Calisto), quase em simultâneo o astrónomo alemao Simon Marius registava a mesma descoberta. Durante muito tempo Galileo acusou Marius de plagiar o seu trabalho gerando alguma polémica.

Esta descoberta de Galileo provou a importância do telescópio como ferramenta essencial para o trabalho dos astrónomos, demonstrando que muito existia para lá do que os olhos humanos eram capazes de observar, mas mais importante ainda foi a descoberta de corpos celestes, neste caso planetas, que orbitavam em torno de outro planeta que nao a Terra. O achado de Galileo ia assim contra tudo o que se sabia sobre o Universo, cuja Teoria vigente naquela época era o Geocentrismo ptolomaico: todo o Universo girava em torno da Terra, sendo ela o seu centro.

Na altura da descoberta das Luas Galileanas, o famoso astronomo trabalhava para a influente família Medici, como tutor de matemática de Cosimo de Medici (posteriormente seria o Grao-duque da Toscana) e por isso inicialmente estas luas foram chamadas de “Estrelas de Cosimo”, mas seguindo a sugestao do seu pupilo mudou o nome para as “Estrelas Medici” para assim homenagear os quatro filhos da família Medici (Cosimo, Francesco, Carlo e Lorenzo).

Apesar da polémica Justus_Sustermans_-_Portrait_of_Galileo_Galilei,_1636entre Marius e Galileo (que como já referi anteriormente Galileo acusava Marius de plágio), os nomes que eventualmente foram adoptados foram os escolhidos pelo astrónomo alemao, que seguindo a sugestao de Johannes Kepler (astrónomo e matemático alemao) atribuiu a cada uma das quatro luas recém-descobertas o nome de amantes de Zeus (cujo equivalente romano é Júpiter)na sua publicaçao de 1614 Mundus Jovialis. [Nota: Io, Europa e Calisto eram mulheres (Europa era inclusive descendente de Io) e Ganimedes era homem]

Durante a vida toda Galileo recusou utilizar o sistema de nomes sugerido por Marius, adoptando um sistema de numeraçao, que foi utilizado em paralelo com os nomes de Marius até meados do século XX quando luas mais próximas que Io, de Júpiter foram descobertas. Os números aumentam à medida que nos afastamos de Júpiter (p.e. Io é Jupiter I e Europa II).


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Europa and the bull, depicted by Jean-François de Troy (1716)


Europa foi uma princesa fenícia, a primeira referência a ela foi feita na Ilíada de Homero. Segundo reza a lenda Europa foi raptada por Zeus, sob a forma de uma enorme touro branco levando a princesa para Creta, onde se tornaria a primeira Rainha desta ilha grega. Apesar de existirem várias versoes desta história, todas convergem num ponto, Europa é descendente da mítica ninfa Io, também ela amante de Zeus.


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Imagem captada em 7 de Setembro de 1996 pela sonda espacial Galileo.


Actualmente várias agências espaciais voltam as suas atençoes para esta Lua Galileana, olham para Europa como um dos alvos mais promissores para procurar sinais de vida no nosso Sistema Solar, com o seu oceano gelado e a sua “carapaça” de gelo que protege o interior desta lua da radiaçao planeta gasoso.

Uma vez mais Parabéns Europa e espero que nao demorem mais 405 anos até podermos ter algumas respostas para os enigmas que nos tens apresentado.

Mais informaçao:
Europa (Wikipedia)

Semana histórica para a exploração espacial

A primeira semana do mês de Dezembro de 2014, a semana 49 será certamente recordada como uma semana repleta de momentos históricos e de viragem para a exploração espacial.

Dia 3 de Dezembro – Hayabusa 2 (JAXA – Japão)

É lançada a Hayabusa 2, espera-se que chegue ao seu destino em Julho de 2018 e que regresse à Terra em Dezembro de 2019 com amostras do asteróide em que irá pousar e recolher amostras pelo menos em três ocasiões distintas, terá também um pequeno “lander” que irá recolher informações durante toda a missão.

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O asteróide-alvo desta missão ainda não tem nome atribuído, tendo para já a designação temporária de 1999 JU3, segundo o espectro da luz solar reflectida por este asteróide prevê-se que a sua composição o  coloque entre os condritos carbonáceos (da mesma família que o cometa da Rosetta). A órbita deste asteróide é bastante semelhante à órbida do asteróide Itokawa, visitado pela primeira missão Hayabusa. O 1999 JU3 tem aproximadamente 920m de diâmetro e a sua forma é aproximadamente esférica.

A Hayabusa 2, sucessora da missão Hayabusa que regressou à Terra a 10 de Junho de 2010, trazendo consigo amostras do asteróide Itokawa (um asteróide rochoso). Esta missão, é um upgrade da missão anterior, tentando assim colmatar alguns dos pontos menos positivos.

A Hayabusa 2, irá visitar desta vez um asteróide do mesmo tipo que o asteróide visitado pela Rosetta, um asteróide carbonáceo, que encerra em si preservadas as condições primordiais que os cientistas acreditam ser as que originaram o nosso Sistema Solar e as precursoras do material orgânico (daí a denominação carbonáceo, por conter carbono na sua constituição) que ajudou à origem da vida na Terra.

Mais informação:

Pequeno vídeo explicativo da missão da Hayabusa 2 (em Inglês) –> http://www.space.com/27888-ambitious-hayabusa-2-mission-aims-for-asteroid-sample-return-video.html

Hayabusa na JAXA (em inglês) –> http://www.jspec.jaxa.jp/e/activity/hayabusa2.html

Dia 4 e 5 de Dezembro – Orion (NASA – USA)

Depois de várias tentativas e de vários quase lançamentos no dia 4 de Dezembro, esgotou-se a janela de lançamento da Orion e o teste histórico ficou adiado por 24 horas devido a um problema nas válvulas de combustível do Delta IV (um problema recorrente devido ao frio).

No dia seguinte o tempo instável ameaçava provocar novo adiamento mas à medida que a hora de abertura da janela de lançamento se aproximava as condições meteorológicas foram  estabilizando: pouco depois das 7AM EST do dia 5 de Dezembro de 2014 a Orion foi lançada do Cabo Canaveral, no topo de um foguetão Delta IV para um voo experimental histórico.

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Porquê voo histórico?

Porque a cápsula espacial Orion foi construída para levar a espécie humana mais longe do que alguma vez foi tentado, substituindo assim as cápsulas usadas durante as missões Apollo. Esta nova geração de cápsulas espaciais para missões tripuladas terá capacidade para: transporte de tripulações para o espaço, LAS (Launch Abort System) sistema de emergência que permite a fuga da tripulação no evento de algo correr mal com o foguetão, meio de transporte de reentrada atmosférica e regresso à Terra.

O voo experimental da passada Sexta-Feira, que durou cerca de quatro horas e meia e efectuou duas órbitas elípticas em volta da Terra serviu para testar sistemas críticos como escudo de calor (para a reentrada na atmosfera terrestre, e que era um dos sistemas a ser testado mais crítico), o complexo sistema de para-quedas, escudos de radiação (neste teste a Orion passou duas vezes pela chamada faixa de radiação de Van Allen – local do campo magnético terrestre em que se concentram partículas altamente energéticas originárias do vento solar – sendo por isso essencial um escudo de radiação eficiente para proteger a tecnologia a bordo da cápsula e mais importante ainda, a protecção das vidas dos seus tripulantes).

Começou assim o caminho da Humanidade para Marte.

Mais informação:
Wikipédia (em inglês) –> http://en.wikipedia.org/wiki/Orion_(spacecraft)

Orion na NASA (em inglês) –> http://www.nasa.gov/orion/

Dia 6 de Dezembro – New Horizons acorda “à porta” de Plutão

Na madrugada do passado Domingo (eram 21.30h na costa este nos USA, por isso considerar neste post o dia 6 (Sábado) como o dia do despertar da sonda), chegam as primeiras comunicações da sonda New Horizons à Deep Space Network (DSN – Rede de Espaço Profundo da NASA, rede de antenas internacionais de comunicação e acompanhamento das missões espaciais).

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Depois de cerca de nove anos de viagem (maior parte deles passados em hibernação, para evitar o natural desgaste dos sistemas menos essenciais a esta prolongada fase da missão) e cerca de 4.6 mil milhões de quilómetros percorridos, a sonda New Horizons acordou. Tem ainda 261 milhões de quilómetros a percorrer até ao seu objectivo principal, mas a partir de agora pode preparar-se para iniciar as operações científicas de aproximação a Plutão (esta fase terá início em Janeiro de 2015, culminando em Julho, altura em que a New Horizons atinge o ponto da sua trajectória mais próximo do sistema de Plutão).

A passagem por Plutão será efectuada sem desacelerar a sonda, seguindo para a Kuiper Belt (anel de detritos, p.e. asteróides considerado como a “fronteira” do nosso Sistema Solar).

New Horizons no site Space.com (em inglês) –> http://www.space.com/27946-pluto-spacecraft-new-horizons-wakeup.html

New Horizons na NASA (em inglês) –> http://www.nasa.gov/mission_pages/newhorizons/main/#.VIl9h9LF-ek

Deep Space Network (Live) –> http://eyes.nasa.gov/dsn/dsn.html